Conheça os principais comportamentos e armadilhas emocionais que podem atrapalhar seus investimentos
Por Caio Moretto
Arrogância
O pecado do excesso de
confiança
Peca quem se acha melhor do que os
demais, superestimando suas capacidades. Na hora de investir, o excesso de
confiança funciona como uma ilusão de imunidade. A bolsa de valores é um
mercado de risco para todos, mas o investidor excessivamente confiante muitas
vezes cai na armadilha de pensar que é esperto demais para errar na mão. “Quem
se considera mais inteligente que os outros acredita estar acima dos riscos”,
escreveu o psicólogo israelense Daniel Kahneman, Prêmio Nobel de Economia de
2002. “Perder dinheiro é algo que ocorre com o vizinho, não com ele.”
Como não cair em tentação: adote uma postura humilde, procure ouvir as
opiniões de outras pessoas, principalmente das que discordam de você
Luxúria
O pecado da ancoragem
Nessa armadilha psicológica, o
investidor se apaixona por um valor aleatório – normalmente um número redondo
ou um momento de pico – que passa a servir de referência, mas sem nenhuma base
racional. Renata Generoso, analista da corretora Spinelli, explica que isso é
comum na bolsa. Um investidor pode comprar uma ação e vê-la cair logo em
seguida. “Ele não vende enquanto as cotações não voltarem ao preço de compra,
mesmo que tenha um prejuízo significativo”, diz Renata.
Como não cair em tentação: evite estabelecer “números mágicos”. Aqui vale
também a regra do amor – quem fica com uma pessoa não lhe dá o devido valor se
estiver pensando em outra
Preguiça
O pecado de seguir a manada
Se a grama do vizinho está sempre
mais verde, é melhor contratar logo o jardineiro dele, pensa o preguiçoso. O
investidor tem uma tendência parecida, prefere seguir a maioria em vez de ter o
trabalho de pensar e chegar às próprias conclusões. “As pessoas criam a
fantasia de que os outros sabem mais e estão obtendo melhores resultados, então
simplesmente imitam o
comportamento alheio”, diz a
psicóloga Vera Rita de Mello Ferreira,
especialista em finanças
comportamentais.
Como não cair em tentação: participe de fóruns de discussão e procure testar
seus argumentos com pessoas que discordam de você
Gula
O pecado da contabilidade mental
Contabilidade mental é um mecanismo
que impede o investidor de enxergar o dinheiro como um todo. Como um guloso que
devora o almoço, mesmo sabendo que depois haverá uma sobremesa que vale por uma
refeição à parte. O mecanismo que o impede de perceber que não há uma divisão
entre as calorias é o mesmo que o faz dividir seu dinheiro em gavetas mentais,
sem notar que a conta é uma só. Para não gastar o “dinheiro da previdência”, um
casal é capaz de comprar uma casa, servindo-se de um financiamento caro.
Como não cair em tentação: evite separar o dinheiro em gavetas mentais.
Avalie seu patrimônio como um todo e deixe de pagar juros
Avareza
O pecado do exagero na busca
por segurança
Ela confidencia, em um momento
romântico, que quer ter quatro filhos, pelo menos. Em vez de conversar sobre o
assunto, ele suspende toda e qualquer atividade sexual. Vista de fora, essa é
uma atitude absurda. No entanto, exageros desse tipo permeiam frequentemente as
atitudes do investidor. Os psicólogos explicam que as pessoas têm uma propensão
a atribuir mais valor às informações novas do que às antigas. Assim, quem não
quer correr riscos pode ser levado a tomar uma atitude precipitada, por conta
de uma notícia pouco relevante.
Como não cair em tentação: admita que é preciso correr riscos e que, em
alguns casos, você não tomará a melhor decisão e pode perder algum dinheiro. “
Quem tem essa tendência deve diversificar seus investimentos”, diz Renata
Vaidade
O pecado do viés de retrospecto
Viés de retrospecto é uma atitude
mental de tentar encontrar explicações posteriores para algo que ocorreu de
maneira imprevista. Por exemplo, “prever” que haveria uma crise depois que ela
ocorreu. Esse pecado, aliás, é cometido frequentemente pela maioria dos
economistas. Quando surge uma bolha, uma crise ou quando
o investidor é vítima de um golpe,
sua tendência é acreditar que tudo
era previsível e os sinais eram
claros.
Como não cair em tentação: mais uma vez, tenha humildade. O investidor
precisa admitir que errou e que não é capaz de antecipar ou prever tudo o que
vai ocorrer
Ira
O pecado do viés de confirmação
O pecado da ira pode ser interpretado
como uma necessidade de ter sempre razão. Aplicada às finanças, a lógica de
quem se enfurece facilmente quando é contrariado pode causar prejuízos graves.
“O investidor só enxerga aquilo que confirma o que já acreditava antes”, diz
Vera. Ou seja, as reportagens que confirmam que as ações que ele comprou vão
subir de preço são corretas, mas aquelas que trazem notícias ruins sobre a
empresa estão erradas, em princípio.
Como não cair em tentação: aprenda a conviver com a incerteza. Quem quer
estar 100% certo 100% das vezes nunca fará um bom investimento
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